Você sabia que o governo é o maior comprador de produtos e serviços do Brasil? Todos os dias, prefeituras, estados e órgãos federais realizam licitações para adquirir desde papel até grandes obras de infraestrutura. Mas muitos empreendedores ainda desconhecem esse mercado bilionário.
Atualmente, 16 de milhões de MEIs estão em operação no Brasil, mas apenas 70 mil estão cadastrados na base de fornecedores do governo federal.
Apenas em serviços de manutenção e pequenos reparos em todos os níveis de governo, ou seja, serviços fornecidos por pintores, encanadores, eletricistas, pedreiros e gesseiros, são gastos em torno de R$ 6 bilhões por ano.
Neste artigo, você vai entender por que vender para o governo pode ser uma grande oportunidade para o seu negócio.
O governo compra de tudo – e com regularidade
Todo cidadão pode participar de uma licitação pública, o processo licitatório é público, com regras e editais claros. Com o avanço das tecnologias digitais, o acesso aos pregões vem se tornando cada vez mais democratizado.
Entrar no mercado público pode parecer burocrático no início, mas com orientação correta, torna-se uma rota viável, lucrativa e segura para empreendedores de todos os portes. Se você quer dar o próximo passo, estudar o processo é o começo.
Pagamentos mais seguros e previsíveis.
Um dos maiores receios de quem pensa em vender para o governo é a possibilidade de atrasos no pagamento. Embora esse risco exista — como em qualquer relação comercial —, ele tende a ser menor e mais controlável do que no setor privado. Isso porque os contratos com a administração pública são regidos por leis específicas que determinam prazos, formas de pagamento e garantias legais.
A Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021) estabelece que, após a entrega do bem ou a execução do serviço, o pagamento deve ocorrer em até 30 dias, salvo disposição diferente prevista no edital ou contrato. Esse prazo pode ser reduzido, mas não pode ser ampliado sem justificativa legal.
Além disso, a administração pública tem a obrigação de respeitar a ordem cronológica de pagamentos, ou seja, pagar primeiro quem entregou antes — uma regra que traz mais previsibilidade e justiça para os fornecedores.
Expansão de mercado e credibilidade
Um benefício muitas vezes ignorado por quem está começando a vender para o governo é o impacto positivo que isso pode ter na relação com instituições financeiras. Ter contratos firmados com a administração pública pode abrir portas para um crédito mais acessível, com taxas melhores e menos exigências.
Ao firmar um contrato com um órgão público — seja uma prefeitura, um governo estadual ou a União — a empresa passa a ter uma fonte previsível de receita documentada. Os bancos enxergam isso como baixo risco de inadimplência, já que o contratante é o próprio Estado.
Assim, o contrato pode ser usado como garantia (lastro) para obtenção de empréstimos, capital de giro ou financiamentos específicos. Em muitos casos, é possível até antecipar os valores a receber por meio da cessão de crédito, com taxas inferiores às praticadas no mercado tradicional.
Na prática, vender para o governo pode transformar o perfil financeiro da empresa. Ter contratos públicos ativos melhora a avaliação de risco (score) junto ao mercado financeiro, facilita o acesso a linhas de crédito maiores e mais baratas, e até reforça a imagem da empresa perante fornecedores, parceiros e investidores.
Muitas instituições financeiras — públicas e privadas — têm reconhecido o potencial e a segurança do mercado de compras públicas. Como os contratos com o governo costumam ter baixo risco de inadimplência, os bancos passaram a oferecer linhas de crédito específicas para empresas que atuam como fornecedoras do setor público.
Exemplos de programas e linhas disponíveis:
Banco do Brasil – BB Giro Contrato
Caixa Econômica – GiroGov e Antecipação de Recebíveis de Contratos
BNDES – Finem (para contratos maiores e estruturados)
Bradesco e Santander – crédito com lastro em nota fiscal de órgão público
Essas modalidades variam conforme o porte da empresa, o valor do contrato e o perfil do contratante público (municipal, estadual ou federal).
Vale a pena começar?
Vender para o governo é mais do que uma possibilidade: é uma estratégia inteligente de crescimento. Mesmo com certa burocracia inicial, o mercado público oferece estabilidade, escala e visibilidade para quem decide se preparar e atuar com profissionalismo.